Antropologia i

“Nu e vestido: dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca”

O título Nu & Vestido, como observa a organizadora, foi inspirado na obra O Cru e o Cozido de Lévi-Strauss. Tanto numa quanto noutra obra, as expressões (nu/vestido e cru/cozido) não são pensadas apenas como significado de roupas e alimento, respectivamente, mas servem também como referências que classificam pessoas, coisas, estilos de vida, sentimentos, rituais, crenças e valores. Essas expressões serão usadas para se refletir acerca da oposição entre natureza e cultura.
Já na apresentação, a autora cita o seguinte slogan: “Não existem indivíduos gordos e feios, apenas indivíduos preguiçosos”. Este livro tenta compreender a “cultura do corpo” e relacioná-la com o espaço urbano do Rio de Janeiro, com a construção de identidades de cada indivíduo carioca e brasileiros em geral e com as relações sociais entre gêneros e camadas sociais. Os autores falam sobre o corpo carioca como fato social, construído culturalmente ele deixa de ser corpo natural e torna-se “naturalmente construído”. Daí o culto a boa forma e o trabalho que é feito sobre o corpo natural para torná-lo eternamente jovem e socialmente aceito.
Em “A civilização das formas: o corpo como valor”, os autores refletem sobre o uso do corpo como expressão de identidades. Os indivíduos se submetem a cirurgias plásticas, sessões de musculação, tatuagens, piercings e modificações (body modification). Para os autores, estas práticas ilustram o quanto é crescente a necessidade imposta à sociedade de um significado próprio, uma identidade, uma exclusividade de cada um, que se revela através de seu corpo modificado.
É fácil identificar um processo civilizador no desnudamento do corpo carioca, que deve estar em conformidade com as regras da “moral” e da boa forma. Assim como os trajes de banho revelam paradoxalmente, a liberdade e um maior controle social sobre os corpos seminus, além de um autocontrole de homens e mulheres. Também o corpo