ANTROPOLOGIA SOCIAL - Ideia sobre conceito de cultura

Da parte referente à ‘ideia sobre a origem da cultura’, é interessante pensarmos o quanto é pequena a noção do senso comum em relação ao processo de produção e reprodução da cultura no nosso cotidiano. Dificilmente uma pessoa que não está inserida no campo das Ciências Sociais terá o trabalho de questionar e/ou estudar a fundo as origens de sua cultura ou de outras, pois a cultura em que a pessoa está inserida já representa a sua realidade, e seus costumes, tradições, e símbolos já estão naturalizados, de forma que dá a impressão que esta realidade pareça a ‘normal’, a ‘realidade imutável’, como se sempre fosse desta forma por simplesmente ser assim. Percebe-se que no geral as pessoas tendem a interpretar a cultura como algo externo, que está lá, deixado pelos antepassados e que nós herdamos. Muitas vezes esquece-se a relação direta e constante do homem com a cultura, a ação simultânea do desenvolvimento biológico e cultural do homem que aconteceu desde o princípio. Muito se reproduz a cultura ‘automaticamente’ sem a verdadeira consciência da produção e transformação dela. Podemos questionar: acontece isso por falta de interesse da maioria das pessoas, ou por falta de acesso a estes conhecimentos?
Outro ponto interessante do texto é a comparação da ‘teoria do ponto crítico’ de Alfred Kroeber com a teoria religiosa dos pensadores representantes da Igreja Católica Apostólica Romana. Para Kroeber, um ramo de uma família de primatas subitamente sofreu uma alteração orgânica e se tornou capaz de produzir cultura; na visão católica, o primata ganhou uma alma no momento em que Deus considerou que o mesmo tinha evoluído o suficiente para merecê-la. Nos dois casos, a origem da cultura é instantânea, de certa forma “mágica”. Sabe-se hoje que a natureza não age por saltos, e que o processo do desenvolvimento da cultura foi lento e contínuo, assim, o ponto crítico pode ser visto como um evento de ficção, que revela a criatividade humana, mas não se enquadra no campo