Antologia
A linguagem de hoje procura usar palavras simples e objetivas, de forma que até as pessoas menos estudadas compreendam o conteúdo.
Antigamente a linguagem era mais rebuscada e regrada; hoje em dia, a linguagem está mais livre e "solta".
A linguagem da modernidade tanto na estética quanto na vida social apresenta um anticonvencionalismo temático, e inovação dos conteúdos que encontra correspondência também nesta linguagem.
Além das inovações técnicas, a linguagem torna-se coloquial e espontânea, mesclando expressões da língua culta com termos populares, o estilo elevado com o estilo vulgar.
Há uma forte aproximação com a fala, isto é, com a oralidade, e geralmente desejam denunciar a realidade como ela é, nua e crua. Assim, liberto da escrita nobre, o artista volta-se para uma forma prosaica de dizer, feita de palavras simples e que, inclusive, admite erros gramaticais.
Cartas de amor - Fernando Pessoa
Fiquei loco, fiquei tonto,
Meus beijos foram sem conto,
Apertei-a para mim,
Enlacei-a nos meus braços,
Embriaguei-me de abraços,
Fiquei loco e foi assim.
Dá-me beijos, dá-me tantos.
Que enleado em teus encantos,
Preso nos braços teus,
Eu não sinta a própria vida
Nem minha alma, ave perdida.
No azul-amor dos teus céus.
Boquinha dos meus amores,
Lindinha como as flores,
Minha boneca que tem
Bracinhos para enlaçar-me
E tantos beijos pra dar-me
Quantos eu lhe dou também.
Botão de rosa menina,
Carinhosa, pequenina,
Corpinho de tentação,
Vem morar na minha vida,
Da em ti terna guarida
Ao meu pobre coração.
Não descanso, não projeto.
Nada certo e sempre inquieto
Quando te não vejo, amor,
Por te beijar e não beijo,
Por não me encher o desejo
Mesmo o meu beijo maior.
Ai que tortura, que fogo,
Se estou perto d’ela é logo
Uma névoa em meu olhar,
Uma nuvem em minha alma,
Perdida de toda a calma,
E eu sem a poder achar.
V Mensagem - Fernando Pessoa.
No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra