Antologia Poética (hora intima)
-QUEM PAGARÁ o enterro e as flores/Se eu morrer de amores?, e este QUEM, se repete por todo o poema, em uma tentativa de descobrir quem o salvará das desventuras da perda de um grande amor e como reforço, no final do poema, ele retoma a sua questão: ¬Quem vai pagar o enterro e as flores/Se eu morrer de amores?, com uma diferença entre a utilização do verbo pagar, no primeiro dístico, ele tem um valor mais leve, enquanto no segundo tem um reforço na cobrança.
Vinícius de Moraes, através de palavras ligadas à morte: enterro, flores, caixão, funeral, túmulo, báratro -, demonstra que a força de um grande amor, pode levar qualquer pessoa a morte - não a morte física, mas a interior - que é a pior das mortes, pois morta por dentro, a pessoa torna-se obrigada a continuar vivendo com os sofrimentos de um amor frustrado. Através desta oposição entre AMOR X MORTE, o poeta estabelece uma relação bastante coerente, já que simbolicamente o amor é a união geral dos opostos e a morte nada mais é que o fim de qualquer coisa positiva, pois ‘Não se fala da morte de uma tempestade, mas na morte de um belo dia’. E assim com medo da morte do amor, ele canta o fim do dia belo, através de opostos, o amor cantado por imagens da morte. Após todas esta conclusões sobre o sofrimento que um amor causa, ele conclui que, se um dia se apaixonar e vier a sofrer, pode-se contar no máximo consigo mesmo, já que para muitos o amor é algo fútil, e portanto ninguém nem se preocupará ao menos em jogar flores em seu enterro, se você morrer de amores.
Seu ritmo é imposto dependendo do leitor, pois ele é o responsável pela entonação e pela velocidade da leitura, que estabelecerá a cadência da poesia, os versos rimados estabelecem um padrão para o ritmo deste poema, com a predominância de versos em rimas pobres, sob forma de dísticos: QUEM