Antologia poetica
[Alfredo Bosi - História concisa da literatura brasileira]
'Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?'
A obra de Carlos Drummond de Andrade representa o melhor dos múltiplos cominhos da moderna poesia brasileira, do poema-piada como Cota zero: [Stop/ A vida parou/ Ou foi o automóvel?] ao poema social e político d Mãos dadas, da lírica existencial de Confidencia do itabirano ao épico-filosófico de Amar, de textos discursivos como Os ombros suportam o mundo aos textos elípticos e condensados.
Além da criação de uma poesia de alta qualidade, Drummond conseguiu conquistar significativo público para a poética modernista: ao morrer, em 1987, aos 85 anos, apesar de seu retraimento e seu jeito avesso à publicidade, era muito conhecido, dentro e fora do Brasil, uma espécie de personificação - não-institucional, não-acadêmica - do poeta e da poesia.
Nasceu em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais, em 1902. Em 1925, participa da A Revista, porta-voz de um grupo de jovens mineiros, estabelece contato com os modernistas do Rio e de São Paulo, principalmente com Manuel Bandeira e Mário de Andrade.
Sua atividade poética atravessará mais de 60 anos, sendo conciderado, quase por unanimidade, o mais totalizante e o mais significativo poeta do século XX no Brasil.
Seu primeiro livro é lançado em 1930, Algumas poesias, com poemas escritos durante os anos vinte.Drummond participa da segunda geração modernista, a de 1930-1945; no entanto, sua obra representa, a