Antigamente - Carlos Drummond
Inicia falando que as moças eram prendadas e os rapazes, mesmo não muito bonitos, sempre flertavam e corriam atrás das meninas. E se levavam um fora, era melhor desistir e partir para outra. Os jovens daquela época se divertiam indo para o cinema, chupando balas de hortelã e eram sonhadores quanto a andar de avião, os quais, sem juízo se metiam em encrenca. Havia os que eram educados e ao estarem em lugares importantes, sabiam se comportar bem. Como quando encontravam o padre na rua e sempre tiravam o chapéu em sinal de respeito, dizendo palavras de paz. Claro que tinha os que achavam que sabiam de tudo, quando na verdade não. Era normal perder a calma por isso. Havia os que ficavam tristes por tudo que lhe falassem sobre seu mau comportamento, realmente os meninos eram bem bagunceiros, por outro lado as meninas sempre eram comportadas. Antes, certos homens faziam tratados e perdiam tudo, outros eram pegos no flagra fazendo o que não devia. E por isso alguns eram presos. As pessoas compravam comida no supermercado e levavam qualquer coisa desde que o vendedor fosse limpo e cheiroso. Adoravam vendedores ambulantes pois estes traziam novidades da indústria do Rio de Janeiro e São Paulo. As moças sempre se arrumavam para vê-los pela janela, infelizmente alguns não eram de confiança. Se alguém ficasse resfriado, mandava um mensageiro chamar o médico e depois iam comprar remédios que em sua maioria eram de cápsulas ou pílulas fedorentas. Doença sem cura era a tuberculose. Antigamente tinham casas habitadas por espíritos; os meninos lombrigas; os gatos asma; os homens usavam cuecas, sapato de couro e paletó engomado. A casimira tinha que ser boa, da marca X.P.T.O London. Os fotógrafos eram chamados de retratistas e os cristãos não morriam, descansavam.