Antes que ANOITEÇA
Entre a terra e o mar: O último grito de Reinaldo Arenas
Durante os anos 70, enquanto era caçado pelo regime castristra e vivia refugiado nos bosques do Parque Lenin, o escritor cubano Reinaldo Arenas iniciou a produção de sua autobiografia, que – devido às condições precárias as quais o autor estava submetido - só poderia ser redigida aproveitando-se ao máximo a luz do sol; recebendo desta maneira o título Antes que Anoiteça. Graças às circunstâncias de sua captura, a produção da obra foi interrompida; sendo retomada somente no final dos anos 80; quando Arenas, exilado e vivendo em Nova York, decide trabalhar em suas memórias valendo-se destas como o último grito de protesto ante a repressão que assolava a liberdade na Cuba governada por Fidel Castro. Encontrando muita dificuldade em trabalhar, por conta de sua saúde já bastante debilitada, o autor registra boa parte do livro com o auxílio de um gravador, sendo o conteúdo posteriormente convertido à forma escrita. Certo de sua morte iminente, Arenas suicida-se em 1990, aos 47 anos, levado pelas conseqüências dos sofrimentos gerados pela AIDS (diagnosticada em 1987) e dos amargores de um exílio penoso. Em 1992 o livro é publicado, revelando-se um impressionante testemunho pessoal e político daquele que se tornara uma das mais ilustres vozes dissidentes do regime de Fidel Castro.
Nascido em Águas Claras, nas proximidades de Holguín, em 16 de Julho de 1943; Reinaldo Arenas proveio de uma família de camponeses pobres. Atribuiu à sua infância uma época tão repleta de miséria quanto de liberdade1; cercado pela natureza, desenvolvendo com seus elementos uma relação de refúgio transcendental e exercitando o erotismo de maneira quase instintiva. Viveu os primeiros anos na casa dos avós maternos, casa esta compartilhada por dezenas de familiares, em sua maior parte mães-solteiras ou abandonadas pelos respectivos companheiros. Arenas foi uns do que cresceu sem pai, e credita a si próprio o julgo