Antes mal acompanhado
Uma moça se irrita quando ela não é “assumida” pelo seu namorado. Em outras palavras, isso ocorre quando ele não demonstra claramente que possui ciúmes dela.
Podem ser simplesmente uma resposta à idéia de que o interesse precisa ser manifestado como um interesse que não seja o da amizade, mas o do amor-eros. O filósofo americano Robert Nozick tem uma fórmula célebre sobre o amor romântico ou amor-eros. O amor é a busca que um eu e um tu, sem perder a individualidade, no sentido de formar uma nova entidade no mundo, um nós. A amizade não forma um “nós”
A filósofa da universidade de Oklahoma, Neera Badhwar, ao falar sobre amizade e amor (1), lembra a célebre fórmula de C. S. Lewis, de que a amizade absorve pessoas ombreadas num interesse comum enquanto que o amor absorve pessoas uma nas outras, numa relação de olhos nos olhos. Mas o amor, nem por isso, diz Lewis, é incompatível com uma grande amizade entre os amantes Badhwar começa por essa via para, diferentemente de vários outros filósofos, defender que não há incompatibilidade entre amor romântico e amizade. Muito menos ela quer ceder à tese de Kant, que põe a amizade como moralmente superior ao amor-eros, uma vez que este sempre envolve algum sentimento de posse.
Badwar diz que tanto a amizade quanto o amor são relações que demandam forte interesse entre os envolvidos, um querendo o bem estar do outro. Além disso, tanto quanto o amor, a amizade envolve o prazer, que é obtido, é claro, pela companhia do outro. Nem mesmo o compartilhamento da intimidade diferencia o amor da amizade, pois é de amigos compartilharem elementos psicológicos que são completos segredos para outros, tanto quanto isso é uma característica fundamental do amor.