Anna Freud
1. 3. Anna Freud: o analista como educador
Durante toda sua vida, Anna Freud ocupou-se com a psicanálise, dando especial ênfase ao desenvolvimento teórico e terapêutico da psicanálise de crianças. Sua obra sobre a normalidade infantil é de uma grande contribuição tanto para pais como para educadores. É inegável também a sua influência no desenvolvimento da psicanálise americana, que se estruturou numa corrente pós-freudiana como uma escola da psicologia do ego.
A corrente psicanalítica representada por Anna Freud apresenta diferenças fundamentais em relação à teoria e técnica propostas por Melanie Klein, sobretudo no que diz respeito à transferência, à formação do ego e do superego, ao complexo de
Édipo e às relações objetais. Podemos mesmo afirmar que as duas autoras pertencem a escolas teóricas absolutamente distintas.
No entanto, do ponto de vista de como concebiam o sujeito, podemos verificar semelhanças. Tanto Klein como Anna Freud não se afastaram do modelo freudiano que representava a subjetividade como uma unidade isolada. Embora Anna Freud tivesse uma preocupação com o meio ambiente e a questão pedagógica, não propôs mudanças estruturais, uma vez que continuou a pensar a constituição do sujeito a partir de seus instintos. Segundo essa concepção, biológica, a constituição da subjetividade se dá a partir de características inatas
Quanto à questão da análise de crianças, diferente de Klein, Anna Freud acredita que a análise infantil é completamente distinta da análise adulta. Dada a imaturidade da criança, lhe faltariam, segundo Anna Freud, muitas qualidades e posturas essenciais para se efetivar um tratamento psicanalítico. Assim, a autora se dedica ao estudo dos
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inúmeros aspectos que diferenciariam
a análise de crianças da de adultos. Neste
capítulo serão desenvolvidos os aspectos mais significativos.
Um dos aspectos fundamentais apontados por Anna Freud, que afeta inevitavelmente as reações terapêuticas dos