anna freud e ALFRED ADLER
Nascida no dia 03 de dezembro de 1895, Anna era a mais jovem dos seis filhos de Sigmund e Martha Freud. Anna não fora desejada nem por sua mãe, nem por seu pai, que decidiu, depois de seu nascimento, permanecer casto por não poder utilizar contraceptivos. Ela era uma criança viva com uma reputação para traquinagens. Freud escreveu ao amigo dele Fliess em 1899: “Anna está completamente bonita por sua desobediência....” Quando a sua irmã rival a ela se casou em 1913, a Anna escreveu ao pai dela. “Eu estou alegre que Sophie se casar, porque a disputa interminável entre nós era horrível para mim.” Anna teve de lutar para ser reconhecida pelas qualidades de que dispunha: coragem, tenacidade e o gosto pelas coisas do espírito. Não tendo nem a beleza de sua irmã Sophie Halberstadt nem a elegância de Mathilde Hollitscher, sentia-se em estado de inferioridade na família, na qual se esperava que só os herdeiros masculinos fossem talentosos para os estudos.
Rivalizando desde a infância com sua tia Minna Bernays, passou a adolescência invejando a doutrina que a privava de seu pai adorado. Na idade adulta, para aproximar-se dele, decidiu entrar para o círculo de seus discípulos. Mas como estava impedida de ir para universidade estudar medicina, tornou-se professora primária. Exerceria essa profissão durante toda a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1920 exatamente.
Depois da morte prematura de Sophie e do casamento de Mathilde, Anna Freud tornou-se a Antígona da casa paterna, ao mesmo tempo discípula, confidente e enfermeira. Quanto a Freud, não hesitou em analisa-la por duas vezes: entre 1918 e 1920 e entre 1922 e 1924 (Não era anômalo para um pai analisar sua própria filha naquele momento, antes de qualquer ortodoxia tivesse sido estabelecida). Dez anos depois, tentaria justificar sua decisão: “Com minha própria filha tive sucesso, com um filho têm-se escrúpulos especiais.” Na verdade, Freud não se iludia com essa explicação edipiana. Sabia muito bem que essa