Anjo negro
Nelson Rodrigues
ANJO NEGRO
A obra dramática de Nelson Rodrigues aborda temas polêmicos para a época. A obra foi escrita em 1946 mas foi censurada e só veio a ser encenada dois anos depois, em
1948. A peça teatral recebeu o subitítulo
“Tragédia em 3 atos”.
ANJO NEGRO
Essa peça de Nelson Rodrigues gira em torno do contraste branco/negro, sendo que isto será posto como o grande impedimento para a relação entre Ismael e Virgínia. Além da própria cor da pele (ela é branca e ele, negro), estes dois opostos estão presentes em diversos outras partes da peça, como por exemplo as vestimentas: Ismael, que é negro, está sempre com um terno impecavelmente branco. ANJO NEGRO
A questão racial em "Anjo negro" é central, não importando que Ismael seja um médico bem sucedido e tenha um nível social igual ao de sua esposa. Ismael consegue superar as barreiras de classe económico-social, mas não consegue se desvencilhar do complexo de inferioridade proveniente de sua cor. A negação da cor negra torna impossível a união do casal e a geração de descendentes, que são mortos um a um por
Virgínia. Há também a maldição lançada pela mãe de Ismael por ele não aceitar sua cor e ter sido um
“filho ruim”.
ANJO NEGRO
Nelson Rodrigues achava um absurdo o negro ser representando no teatro apenas como o
“moleque gaiato” das comédias de costumes ou por tipos folclorizados. Por isso, criou um personagem – Ismael – de classe média, inteligente, mas também com paixões e ódios, ou seja, “um homem, com dignidade dramática”, enredado em situações proféticas e míticas.
ANJO NEGRO
A questão racial é tratada de forma radical.
Numa sociedade dominada pelo branco, a única estratégia possível de inserção é a adoção da ética branca, dominadora e autoritária. Repudiando sua cor e origem,
Ismael desfruta dos privilégios do branco: dinheiro, status, prestígio e uma mulher também branca.