Anita Malfatti
Sorri uma garoa cor de cinza,
Muito triste, como um tristimente longo...
A Casa Kosmos não tem impermeáveis em liquidação...
Mas neste Largo do Arouche posso abrir o meu guarda-chuva paradoxal, este lírico plátano de rendas mar...
Ali em frente... – Mário, põe a máscara!
--Tens razão, minha Loucura, tens razão.
O rei de Tule plátano jogou a taça ao mar...
Os homens passam encharcados...
Os reflexos dos vultos curtos mancham o petit-pavé...
As rolas da Normal esvoaçam entre os dedos da garoa...
(E si pudesse um verso de Crisfal
No De Profundis?...)
De repente
Um raio de Sol arisco risca o chuvisco ao meio.
Anita Malfatti, A Ventania e Mario de Andrade, Pauliceia Desvairada
Explorando as influências expressionistas Anita retratou a natureza, fazendo uso de pinceladas bruscas sem a preocupação com os detalhes, onde a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica. A Ventania retrata o prenúncio de chuva que também está presente em Pauliceia. O uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza em Ventania, assim como a inquietação de Mario diante da modernização de São Paulo. A cor é o principal instrumento de Anita. O abandono das regras tradicionais de equilíbrio da composição temática. e da harmonia das cores e formas expressando veemente pessimismo. A expressão de uma autenticidade fundamental do ser humano que se exprime em explosões de cores violentas e traços dramáticos.
Anita trouxe para o Brasil um novo jeito de pintar. Preocupada com as manifestações do mundo interior e com uma forma de expressá-las e pouco importando-se com os conceitos então vigentes de belo e feio.
Paulicéia desvairada pode ser lida como um inventário das vivências, percepções e sensações desencadeadas pela modernização de São Paulo, com a qual Mário de Andrade terá uma relação ambígua ao longo de sua obra. A cidade ora é tumba de homens massacrados pelas "monções da ambição", de