André
O rosto surge no entrecruzamento de dois eixos, duas semióticas bastante diferentes: a da significância, que “não existe sem um muro branco sobre o qual inscreve seus signos e suas redundâncias”; a da subjetivação, que “não existe sem um buraco negro onde aloja sua consciência, sua paixão”, lugar de ressonância (p.31). Por essa razão, rostos fazem parte do curioso sistema muro branco-buraco negro: é o muro branco (tela) no qual se inscrevem os buracos negros da subjetividade (olhos). Mas não só.
eleuze, no platô “Ano zero – rostidade”, deleita-nos com uma reflexão textual que não se conforma em ser filosófica e, por isso, paira no território crepuscular da poesia. Talvez porque não pudesse ser diferente, já que o texto trata da intratável máquina abstrata produtora de rostidade, rostidade que recobre de significância e subjetividade tudo em que se projeta, seja a cabeça ou outras partes do corpo, o corpo, objetos ou paisagens.
“Essa máquina é denominada máquina de rostidade porque é produção social de rosto, porque opera uma rostificação de todo o corpo, de suas imediações e de seus objetos, uma paisagificação de todos os mundos e todos os meios” (DELEUZE, 1996, p. 49).
Ao longo do texto, metáforas surpreeendentes e poderosas procuram dar conta do que é um rosto. Rosto é dispositivo. Superfície. Paisagem. Mapa. Aquilo do que não podemos escapar. Conto de terror. “O rosto é Cristo” (p.43). E também um verdadeiro porta-voz.
O rosto surge no entrecruzamento de dois eixos, duas semióticas bastante diferentes: a da significância, que “não existe sem um muro branco sobre o qual inscreve seus signos e suas redundâncias”; a da subjetivação, que “não existe sem um buraco negro onde aloja sua consciência, sua