Ancora medicinal -
A conservação da vida com saúde está relacionada, entre outros aspectos, ao alimento que é o principal responsável pela nutrição do corpo. Cabe ao homem saber o que e quando comer, além de definir a quantidade do que vai ingerir.
Âncora Medicinal para conservar a vida com saúde foi escrita pelo médico do rei D. João V, Francisco da Fonseca Henriquez, conhecido como Dr. Mirandela, e publicada em 1721. Teve boa recepção, uma vez que em pleno século XVIII contou com três reedições.
Em um momento em que as razões dietéticas pouco a pouco eram esquecidas, que a relação entre temperamento (humores) e alimentos mais adequados passa a ser substituída pela relação entre preferência (pelo gosto, pelo sabor) dos indivíduos para com determinado(s) alimento(s), Âncora Medicinal parece pretender ser uma espécie de guia para que os sãos conservem a sua saúde e não sucumbam às tormentas das enfermidades. A obra apresenta as coisas não naturais que devem ser levadas em consideração (e desenvolve todos estes aspectos) – a saber, o ar ambiente, o comer e o beber, o sono e a vigília, o movimento e o descanso, os excretos e os retentos, e as paixões da alma – para alcançar o objetivo maior que é a preservação da saúde.
No tocante à alimentação, os bons alimentos, os horários e períodos certos para cada refeição, a variedade dos pratos, os hábitos culturais relativos à comida, entre outros aspectos, estão muito mais relacionados à quantidade daquilo que é ingerido e às necessidades de cada indivíduo do que com as qualidades próprias inerentes a cada alimento.
Médico de D. João V, que longevo viveu por quase sessenta e um anos, ele próprio também foi um sexagenário. Presenciou um período em que a Corte portuguesa viveu um período de grande riqueza cultural. Esteve entre os da elite e para esta focou vários aspectos de seu livro. Afinal, seus integrantes seriam possíveis leitores de