Anatomia

452 palavras 2 páginas
Com o avanço tecnológico da medicina emerge uma nova ideologia de profissionalismo, baseada na competência técnica, o que aconteceu entre nós na década de 70 e 80. O enfermeiro vai ter acesso a conhecimentos (de fonte médica) e ao desenvolvimento de capacidades técnicas. A tecnicidade passa a ser um objetivo da sua formação, uma forma de ter acesso ao conhecimento médico e uma compensação para a servidão dos cuidados aos doentes
Esta valorização da vertente técnica surgiu em Portugal numa fase em que ocorreram alterações sociopolíticas que puseram em causa o conjunto de valores que tinham suportado a formação ético/moral dos enfermeiros até aí. Passou-se de uma abordagem tradicional de formação do caráter, identificada com uma vocação religiosa, para uma crítica e desvalorização dessa abordagem, mas sem encontrar um quadro de valores sólido que constituísse alternativa
Este período de reação a um ensino tipo moralista constituiu-se um vazio perigoso ao admitir que se podia educar ou prestar cuidados de forma isenta. O enfermeiro devia preocupar-se apenas com verdades e fatos, atuar de forma distante e sem se envolver, ser um técnico competente e suas ações serem neutras em relação aos valores
Esta formação assim recebida, deixava terreno livre para a influência do currículo oculto na escola e nos serviços: a forma como se organiza a formação, as relações que se estabelecem entre professores e estudantes, enfermeiros e utentes e entre membros da equipa de saúde, as metodologias, os conteúdos que se valorizam ou omitem, a orientação que se dá. Não se falando explicitamente em obediência, humildade, ordem ou submissão verificou-se que os enfermeiros continuaram a não tomar parte ativa em decisões em que teria todo o sentido que o fizessem. A percepção quer dos utentes, quer no seio do grupo profissional e dos estudantes é que aos enfermeiros não cabia tomar decisões e, portanto, também não lhes deviam ser exigidas grandes responsabilidades.
Já no final dos anos

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