DOAÇÃO DE CADÁVERES PARA ESTUDOS ACADÊMICOS EM DISCUSSÃO As questões que envolvem a doação de cadáveres para fins acadêmicos foi o tema central da mesa redonda que reuniu profissionais das áreas da saúde, jurídica e humana durante o IV Encontro de Anatomia da FARN, realizado entre os dias 15 e 17 de abril deste ano em Natal/RN. A discussão se baseou nas dificuldades para aquisição de cadáveres pelas instituições de ensino superior do país, bem como nas questões cultural e jurídica que envolvem o processo de doação de corpos por indivíduos ainda em vida. É sabido por todos aqueles que ensinam anatomia, que a utilização de modelos anatômicos e computacionais são boas alternativas para a complementação daquilo que muitas vezes não é bem preservado em uma dissecção ou mesmo daquelas estruturas que não são facilmente identificadas macroscopicamente. Mas, por exemplo, precisamos lembrar que os grandes avanços no campo das cirurgias se deram pelo bom entendimento das estruturas corpóreas ofertadas naquelas aulas de Anatomia onde, diante de um corpo nu, frio e sem muita expressão, milhares de estudantes puderam realmente ter seu primeiro e verdadeiro paciente. O que imaginar de um estudante da área de saúde sem a possibilidade de uma palpação em um cadáver? E para usufruir desta técnica no seu dia-dia profissional...como? Em um modelo sintético? Mas e a textura da pele, músculos e anexos...como imaginar isso em um boneco? É dessa forma que precisamos refletir sobre a essencialidade do estudo da Anatomia em cadáveres, e não corroborar a tentativa de banalização de uma ciência milenar que vence preconceitos e desafios desde os primórdios. O que precisamos é criar alternativas que minimizem as dificuldades da aquisição de cadáveres, seja implantando programas de divulgação de “como se pode doar seu
Sociedade Brasileira de Anatomia corpo para fins de estudo e pesquisa”, seja sugerindo políticas de desburocratização por parte de órgãos teoricamente