Anama
Professora do Programa de Mestrado em Educação do
Centro Universitário Nove de Julho
Doutora em Semiótica e Linguística Geral (USP) A constatação do fracasso ocorrido em nossas escolas em relação a um dos principais objetivos do ensino de língua materna – o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos – desencadeou, principalmente a partir da década de oitenta – inúmeros trabalhos contendo discussões e propostas com intenção de promover melhorias nessa terrível situação. Sem dúvidas, de lá para cá o avanço foi grande, mas, parece-nos, ainda faltam maiores elucidações sobre as concepções de linguagem e língua a fim de que se concretize com eficácia toda a teorização já existente. Aliás, no campo da prática os resultados são ainda bem frágeis.
Não pretendemos aqui, em tão curto espaço, discorrer sobre tudo o que se escreveu a respeito do assunto, nem ao menos retomar apenas algumas das produções mais importantes. Por outro lado, também não almejamos abordar os inúmeros aspectos envolvidos nas questões de língua e linguagem. Anima-nos tão somente a possibilidade de uma modesta contribuição para subsidiar a questão do ensino, com vistas a um domínio mais amplo da língua materna. Escolhemos, com esse objetivo, enfatizar aspectos da famosa tríade de Eugênio Coseriu: Sistema/Norma/Fala.
Esse linguista, ao formular sua tríplice oposição, colabora intensamente para derrubar o conceito rigidamente estático de sistema linguístico. No conjunto dos fatores responsáveis por impedir o sucesso da prática pedagógica, acreditamos que um dos principais motivos seja justamente uma compreensão restrita sobre o caráter dinâmico da língua e sua diversidade.
Diz Coseriu que é possível distinguir na língua três séries de características, conforme o grau de abstração e de formalização: 1) as características concretas, infinitamente variadas e variáveis, dos fatos linguísticos observados nas