analise
Chegada de um novo membro na loja
Segundo Kaës (2011), o sujeito está em um contexto em que é obrigado e constituído na realidade psíquica o inconsciente, a linguagem, o grupo, a cultura. O sujeito é “um efeito do grupo e ainda que não fosse, porque se encontra sob o olhar de mais de um outro, que é principio de subjetivação”. O grupo colocado como realidade social e psíquica, constitui uma ordem da realidade heterogênea em relação ao sujeito do inconsciente. É necessário estabelecer o “submetimento quanto às ordens, relações e suas conjugações e disjunções”. Logo, os funcionários sustentaram um discurso conforme ao mito fundador do grupo, que inclui os ideais e os valores da marca; esse discurso também transmite a cultura e as palavras de certeza desse grupo. Essa cultura é percebida por meio dos combinados tácitos e explícitos, que fazem parte do contrato narcísico.
O shopping visitado por D. atende um público-alvo classe média alta, o que implica pensar em determinados valores aí presentes. Alguns dos quais, possivelmente diferentes dos que D. carrega, visto que no momento da sua chegada ao shopping, ela relata que se sentiu desconfortável enquanto andava pelos corredores, ao observar os vendedores de algumas lojas e ver como se vestiam bem em relação ao modo que estava vestida. Observa-se que nesse primeiro momento de contato com o campo, D. enquanto sujeito singular e novo membro, não se sente pertencente ao grupo (consumidor) que frequenta esse espaço.
De acordo com Kaës (2011), a questão do pertencimento é essencial para compreendermos as ligações entre o sujeito singular e o grupo. Existem obrigações que o grupo impõe para estabelecer e manter sua ordem própria e isso foi observado em algumas situações que D. vivenciou. O seu desconforto quanto à vestimenta é explicada pela obrigação narcísica imposta. A busca da perpetuação da integridade do grupo como totalidade, unidade e reunião de semelhantes faz parte desse contrato que “prescreve a