Analise junguiana da trilogia matrix

Introdução

Jung foi um dos maiores pensadores do século XX. Sua investigação da psique levou-o a profundezas onde Freud não se aventurou. Os conceitos que elaborou a partir dessa descida aos subterrâneos da alma fornecem munição para uma releitura de todos os aspectos da existência - não só psicologicamente falando, mas também do ponto de vista filosófico e até mesmo religioso. Pode-se questionar porque os surrealistas eram tão fieis a teoria freudiana, quando era Jung quem fornecia a moldura teórica mais adequada para suas especulações sobre a pobreza da realidade consensual e a possibilidade de outro real - na verdade, um surreal - além das futilidades deste mundo quotidiano. Se existe um filme sob medida para uma análise junguiana enriquecedora, certamente é a trilogia dos irmãos Wachowski. O simbolismo arquetípico da história salta aos olhos, não há nome de personagem que não remeta à mitologia. . A premissa de Matrix ganha muito quando é articulada com a epistemologia de Jung, segundo o qual não sabemos como a realidade é em si mesma e só temos acesso ao real filtrado por nossa realidade psíquica.

Sobre a Matrix

No começo, acompanhamos Neo, durante o dia um funcionário de uma empresa de programas para computador e à noite um hacker, daqueles que adoram fuçar, invadir e sabotar os sistemas alheios. Em determinado momento, ele é abordado por Trinity, uma estranha que o leva ao encontro um homem misterioso, Morpheus, que o procurava há algum tempo. Nesse momento, Morpheus então dá a Neo (e a nós) as explicações gerais sobre o que é a Matrix. É revelado que não se está no fim do século XX, e sim duzentos anos à frente, pois, entre 1999 e o começo do século seguinte, a humanidade conseguiu finalmente criar máquinas dotadas de inteligência artificial. Inicialmente elas foram usadas para nos auxiliar em atividades perigosas ou desagradáveis. As chamadas AIs, (Inteligências Artificiais), foram então se aperfeiçoando e ficando cada vez mais parecidas com