analise institucional de Georges Lapassade capitulo 2
Introdução
No Brasil, podemos distinguir nitidamente, na evolução da Sociologia, dois períodos bem configurados (1880-1930 e depois de 1940), com uma im- portante fase intermédia de transição (1930-1940). No primeiro, é prati- cada por intelectuais não especializados, interessados principalmente em formular princípios teóricos ou interpretar de modo global a sociedade bra- sileira. Além disso, não se registra o seu ensino, nem a existência da pesqui- sa empírica sobre aspectos delimitados da realidade presente.
Depois de 1930 ela penetra no ensino secundário e superior, começa a ser invocada como instrumento de análise social, dando lugar ao apareci- mento de um número apreciável de cultores especializados, devendo-se notar que os primeiros brasileiros de formação universitária sociológica adquirida no próprio país formaram-se em 1936. O decênio de 1930, rico e decisivo, pode ser considerado fase transitória para o atual período que, iniciado mais ou menos em 1940, corresponde à consolidação e ge- neralização da sociologia como disciplina universitária e atividade social- mente reconhecida, assinalada por uma produção regular no campo da teoria, da pesquisa e da aplicação.
1 – Duas palavras devem ser invocadas para se entender a formação da
Sociologia brasileira: Direito e Evolucionismo. Ela apareceu e encorpou, com efeito, a partir da preocupação de alguns juristas possuídos pelas dou- trinas do Evolucionismo científico e filosófico.
Coube aos juristas papel social dominante no Brasil oitocentista, dadas as tarefas fundamentais de definir um Estado moderno e interpretar as relações entre a vida econômica e a estrutura política. Foi a fase de elaboração das nossas leis, aquisição das técnicas parlamentares, definição das condutas ad- ministrativas. O jurista foi o intérprete por excelência da sociedade, que o requeria a cada passo e sobre a qual estendeu o seu prestígio e maneira de ver as coisas. Mas como