ana neri
Em 1864 a Tríplice Aliança do Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Os três filhos de Ana e dois irmãos seus são mobilizados para a Guerra. Proprietária de fazendas de fumo (tabaco), cana-de-açúcar e algodão, Ana poderia ter ficado acomodada como qualquer outra rica e devota senhora. Porém, espicaçada pelo amor materno, interroga-se: a guerra é pecado mortal ou heroísmo patriótico? Hesita na encruzilhada existencial mas acaba por se decidir: escreve a Manuel Pinto de Souza Dantas, Presidente da Província da Bahia: "Eu me chamo Ana Justina Ferreira Néri. Sou mãe de três rapazes que acabaram de partir para a guerra. Eles eram tudo o que tinha, pois o pai morreu quando eu estava com 29 anos. Não podendo resistir à saudade deles, suplico-lhe que me deixe acompanhá-los. Prometo que trabalharei como enfermeira em qualquer hospital e em defesa de todos aqueles que sacrificarem sua vidas pela honra nacional e a integridade do Império". Dois dias depois Souza Dantas dá ordens ao comandante do Conselho das Armas para que Ana Néri seja contratada como a primeira enfermeira brasileira na Guerra do Paraguai. Consequências: ela virá a ser Matriarca da Enfermagem, precursora da Cruz Vermelha no Brasil.
ASSISTIR OS FERIDOS
13 de Agosto de 1865: lá vai a Grande Irmã de Caridade Leiga assistir os feridos de guerra. Não só os da Tríplice Aliança, mas também soldados paraguaios, todos os que precisam de amparo e de uma palavra de esperança. Em Corrientes, em Salto, Humaitá, Curupaiti e, finalmente, em Assunción, a capital paraguaia já ocupada pelo exército do Brasil.
Ali, com os seus próprios recursos financeiros, Ana monta e dirige uma enfermaria exemplar.
Ali se queda até ao final da guerra.
Ali sabe da morte em combate do seu filho Justiniano e também a de um sobrinho; não fica revoltada nem deprimida, abençoa-os, reverencia-os por terem defendido a pátria, dever cumprido.
Ali sofre a ciumeira do médico-chefe que não suporta os seus