AN LISE F NICA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
DISCIPLINA: Estilística
ORIENTADOR: João Batista
ALUNO: Francisco Geilson Rocha da Silva

Análise fônica e estilística do poema
“O Relógio”, de Vinícius de Moraes

FORTALEZA – 2013
Nesse trabalho tenciono analisar os vários recursos fônicos presentes no poema “O Relógio”, de Vinícius de Moraes. Tentar, ainda que de modo incipiente, expor prováveis relações semânticas mantidas entre o significado do texto e os elementos que se destacam na composição e disposição dos significantes nos versos. Percebemos, ao longo do poema, a exploração intencional por parte do poeta dos incontáveis recursos disponíveis na “imagem acústica” de algumas palavras de modo a gerar maior expressividade ao texto.
Vamos ao poema:
O Relógio
Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Ao encerrarmos a leitura de “O Relógio”, percebemos, de imediato, a intenção por parte do autor de refazer, através da organização rítmica dos versos, o movimento pendular de um relógio – “tic-tac, tic-tac,tic-tac”. Uma leitura adequada do poema traz-nos a sensação de estarmos ouvindo a reprodução exata do som de um pêndulo trabalhando. São palavras escritas, organizadas, dispostas de maneira a nos fazer ler o poema sem que consigamos nos divorciar da figura de um relógio nem por um instante. Não há como percorrer os versos e nos esquecer do referente. E essa é a intenção do texto.
No intuito de atingir esse efeito, o poeta faz recorrente uso da onomatopeia “tic-tac” ao longo do poema, na tentativa de reproduzir graficamente a sonoridade concreta gerada pelo relógio enquanto trabalha. Também como uma forma de demarcar o tempo e o ritmo ao longo da poesia.
Todo o poema “O Relógio” é composto de modo a fazer com que o