An Lise Do Filme Estamira
O filme “Estamira” fala sobre a vivência de uma senhora de 63 anos, em um aterro sanitário no Rio de Janeiro e que tem o diagnóstico de esquizofrenia. Estamira é a personagem principal, e sua fala é quem nos apresenta ao seu mundo, aos outros e a si mesma.
Este documentário fala não somente da vida de uma pessoa com esquizofrenia, mas nos mostra isso através da linguagem dela, em seu contexto, nos seus diálogos somos convidados a retirar a mascara dos pré-conceitos que rodeiam os transtornos mentais, e fazer o telespectador perceber lucidez naquilo que é tido como loucura, ver o humano em uma pessoa que, por ter rompido com o padrão socialmente aceito, não é mais valorizada como humana, como verdade.
Vemos a Linguagem usada por ela como uma exteriorização de todas as operações da consciência, é através dela que Estamira afirma o seu lugar no mundo, a sua existência: na forma como utiliza as palavras, como questiona as suas significações, inventando novas significações, no discurso que elabora a partir de seus conflitos com Deus e com os homens, na luta com o “Trocadilo” – modo como designa significativamente este ente com a qual se debate – assim como com os “espertos ao contrário” através dos quais aponta a falsidade dos homens no mundo. Ela diz: “não tem inocente, só esperto ao contrário”.
Por meio da fala de Estamira entramos em contato não só com aquilo que a constitui como sujeito, mas com o lugar em que ela se posiciona no mundo e com o seu inconsciente. É preciso que retiremos a tapadeira dos nossos olhos para conseguir ver a riqueza de seu discurso e não nos deixarmos levar por um esteriótipo da fala de uma pessoa com psicose.
É através de seu nome Estamira, que pronuncia de modo enfático como Esta-mira, que ela se sustenta como sujeito que “não é comum”. Em seu delírio, diz: “A minha missão além de ser eu, a Esta-mira, é revelar... É a verdade, somente a verdade. Seja a mentira, seja capturar e mentira e tacar na cara, ou