AN LISE DE DISCURSO FRANCESA
1. INTRODUÇÃO
Como indica o próprio nome da disciplina indica, a Análise de discurso tem como objeto de estudo o discurso. Contudo, como essa palavra é usada, comumente, para indicar os pronunciamentos políticos, ou seja, um texto construído a partir de recursos estilísticos mais rebuscados, é preciso distinguir o discurso como objeto de uma corrente científica específica, compreendendo-o em suas acepções teóricas advindas do campo de estudo da AD.
Inicialmente, o discurso, objeto da AD, não é língua, nem texto, nem fala, mas necessita de elementos linguísticos para ter uma existência material. O discurso implica uma exterioridade à língua, encontra-se no social e envolve questões de natureza não estritamente linguística – quando as palavras são pronunciadas, elas estão impregnadas de aspectos sociais e ideológicos. Assim, o discurso não é a língua(gem) em si, mas precisa dela para ter existência material e/ou social.
Um exemplo disso é o emprego dos substantivos ocupação e invasão. Quando os jornais tratam dos movimentos estudantis em reitorias de universidades, pode aparecer Os estudantes ocuparam a reitoria - o uso dessa palavra revela um discurso de apoio aos estudantes e de defesa do movimento, contrastando com Os estudantes invadiram a reitoria que, embora se refira à mesma ação, é empregado por aqueles que se opõem ao ato dos estudantes. Desse modo, as escolhas lexicais e seu uso revelam a presença de ideologias que se opõem, revelando igualmente a presença de diferentes discursos que, por sua vez, expressam a posição de grupos de sujeitos acerca de um mesmo tema.
Integrando a noção de discurso, encontra-se a noção de sentido, que aqui é compreendida como efeito de sentidos entre sujeitos em interlocução, ou seja, manifestando-se por meio do uso da palavra. Assim, a diferença entre ocupar e invadir está além do seu significado, aquele que está no dicionário. Para cada grupo que os usa, os termos têm sentido diferentes