An Lise Carrara
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CARRARA, Angelo Alves. Minas e currais. Produção rural e mercado interno de
Minas Gerais, 1674-1807. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2007, 364 p.
Maximiliano M. Menz1
Doutor em História Econômica-FFLCH/USP
Editado em 2007 pela editora da UFJF o livro Minas e currais. Produção rural e mercado interno de Minas Gerais, de autoria de Angelo Carrara, pode ser considerado como um dos trabalhos mais importantes a respeito da economia mineradora e das suas estruturas ancilares de abastecimento. Os pontos fortes do trabalho são muitos: em primeiro lugar, a natureza e a abrangência das fontes utilizadas, com destaque à Coleção Casa dos Contos. Em segundo lugar, o rigor metodológico, especialmente na organização de séries sobre preços e entradas de mercadorias pelos registros mineiros. Em terceiro lugar, o seu modelo teórico que permite caracterizar de maneira original as dinâmicas econômicas e agrárias da Minas setecentista, apesar de certas limitações, como tentarei argumentar aqui. Por último, ressalto a incorporação da historiografia hispano-americana, que, dada a importância do fenômeno minerador na América espanhola, aporta raciocínios preciosos para o estudo de Minas Gerais.
A tese parte de uma discussão básica a respeito da economia colonial mineradora: a dicotomia entre decadência e opulência, tema recorrente entre os memorialistas e que perpassou quase toda a historiografia sobre as Minas Gerais.
Se alguns historiadores apegaram-se ao discurso decadentista ao se exaurir a produção mineradora, outros procuraram ressaltar o desenvolvimento da agricultura de abastecimento, especialmente na segunda metade dos Setecentos, ressaltando a opulência econômica mineira. Diante desta antinomia, Angelo
Carrara reconstitui os principais “indicadores econômicos” da região – quintos, dízimos, entradas de mercadorias, população – que, de certo modo, confirmam o quadro contraditório. Constata assim