Amor de Perdição: Uma analogia com a tragédia grega
Geralmente a tragédia grega vincula um conflito entre uma personagem e qualquer poder de interesse maior, como a lei, os deuses, o destino ou a sociedade. A tragédia clássica deve possuir, segundo Aristóteles, três condições básicas: constituir-se de personagens nobres (heróis, reis, deuses), ser narrada em linguagem superior e digna e ter um final melancólico, com o aniquilamento ou insanidade de um ou vários personagens sacrificados por seu orgulho ao arriscar se insubordinar contra as fatalidades, como podemos observar na novela romântica “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco, e fazer uma analogia com a personagem Mariana, apaixonada por um homem, cujas condições financeiras se opuseram às suas, além deste, amar outra mulher; ou seja, a personagem Mariana vivenciou sozinha e lucidamente um amor incondicional impossível, que resultou em enlouquecimento. Também o personagem Simão, que, em nome de seu amor por Tereza, abdicou da liberdade no momento que assassina Baltazar Coutinho e confessa o crime, sem nenhuma pretensão de defender-se assume tê-lo matado por mera crueldade, e por isso, deve arcar com as conseqüências de seu ato. O referido atentado causou muito sofrimento aos personagens da novela, causando a destruição do próprio Simão, que foi preso e degradado; de Mariana, quem acompanhou toda a trajetória infeliz de Simão durante sua derrocada, e apoiou-o, anulando-se como pessoa para servir a esse amor; Tereza, que ao desobedecer às ordens do pai de afastar-se de Simão e casar-se com seu primo Baltazar Coutinho, foi internada em um convento, onde penou no meio onde a presença de intrigas, fofocas e hipocrisia se fazia constante, adoeceu e morreu em nome do amor por Simão.
Para Aristóteles, a parte mais importante da tragédia é aquela que se refere à organização dos fatos, pois ela não é imitação de pessoas, mas sim de ações, da vida, da felicidade, da desventura. A maior parte da peças trágicas