Amor de capitu
Amor de Capitu: Um ensaio crítico e comparativo do romance de Fernando Sabino Marcos Roberto Teixeira de Andrade
RESUMO: O objetivo do presente trabalho é realizar uma análise crítica e comparativa entre os romances Amor de Capitu, de Fernando Sabino, e Dom Casmurro, de Machado de Assis. Sabino, ao abolir a narrativa em primeira pessoa do romance machadiano e assumir uma narrativa em terceira pessoa, terá consolidado alguma mudança substancial em relação ao texto machadiano? Palavras-chave: Fernando Sabino; Machado de Assis; Narrador.
A tarde era de novembro. O ano: 1857. Um adolescente de 15 anos de idade, ainda “virgem de mulheres” mas íntimo do latim, resolve entrar na sala de visitas da sua casa, onde sua família estava reunida; ao ouvir o seu nome, esconde-se atrás da porta. Inocente que era, não poderia imaginar que receberia naquele momento uma revelação que mudaria o rumo de sua vida. Naquela sala de visitas estavam: D. Glória, sua mãe; D. Justina, sua prima em segundo grau; Cosme, seu tio – irmão de sua mãe; e uma figura principal, apesar de agregado à família: José Dias. Fora esse mesmo José Dias que pronunciara seu nome: ele lembrava à D. Glória sua intenção de tornar o filho padre. Se ela ainda pretendia cumprir sua promessa, urgia mobilizá-la, pois já agora poderia haver uma dificuldade. D. Glória indaga dessa dificuldade. José Dias, calculista que era, reflete bem antes de responder. Por fim declara que tem notado a crescente intimidade do jovem Bentinho, seu filho, com Capitu, sua vizinha. Isso poderia resultar em namoro, dificultando o ingresso de Bentinho no seminário. Bentinho atordoa-se. Até então, não parara para pensar que seu real sentimento pela vizinha superava a amizade. Como que picado por uma sensação desconhecida, desperta para uma nova realidade em sua vida: a realidade do amor. E é a partir dessa descoberta, desse despertar operado naquela tarde de novembro de 1857 que se desenrola o fio desse drama existencial