Ambiguidade e estilística em "Mensagem"

AMBIGUIDADE E ESTILÍSTICA EM “MENSAGEM”

A finalidade deste trabalho será enfatizar os problemas de interpretação de um texto cuja ordem foge dos padrões que predominam na nossa língua, as dificuldades de ler um texto poético muitas vezes é atribuída aos fatores de inversão de ordem das palavras. No livro de poemas “Mensagem”, de Fernando Pessoa, podemos encontrar construções que podem gerar ambiguidades, isso porque o autor fez uso de figuras de sintaxe. A coesão das palavras poderá ser prejudicada pela estilística e consequentemente gerando incoerência, falta de sentido, é de se esperar portanto do leitor a paciência e a atenção necessárias para reorganizar as ideias nas palavras montando um quadro coerente. Celso Cunha diz que no português a ordem direta é a predominante, há duas sequências preferenciais:

SUJEITO + VERBO + OBJETO DIRETO + OBJETO INDIRETO ou SUJEITO + VERBO + PREDICATIVO

Mas o mesmo autor diz que a nossa língua é uma das que tem mais facilidade de alterar a ordem normal dos termos da oração. Na poesia principalmente encontramos diversos exemplos, como vamos elucidar aqui. Um outro autor, Evanildo Bechara, sugere que a poesia por ser carregada de emoção quebraria a estruturação lógica da oração, há exemplos de linguagens que não conseguem acompanhar o pensamento em que as ideias se sucedem rápidas e tumultuárias, um pensamento pode ser interrompido sem haver uma conclusão, deixando-o vago, até que possa ser reelaborado melhor em outro momento; é o que ele chama de Anacoluto. Mas como nada na grande poesia é acidental ela tem suas razões ao optar por novas maneiras de dizer, seja para realçar palavras, seja para ritmizar gerando algum tipo de emoção. Um trecho retirado da “Moderna Gramática Brasileira”, de Evanildo Bechara, faz-nos pensar o quanto a ordem das palavras é importante para seus significados, quando se quer sugerir uma hierarquia numa oração:

“O português pertence ao número daquelas que se caracterizam pelo