Amamentação
Herculano Ricardo Campos e Rosângela Fracischini, Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 1, p. 119-129, jan/jun. 2003
O objetivo principal deste artigo é apresentar e discutir algumas dentre as possíveis consequências do trabalho produtivo precoce sobre o desenvolvimento da criança, na dinâmica da vida dos adolescentes e no interior das famílias. A falta de políticas públicas voltadas para a população na produção de redes nas tecelagens, que alimenta a exploração da mão de obra infanto-juvenil embora a ECA que dispõe sobre os direitos da criança e do adolescente. Sabemos que o ambiente influencia no desenvolvimento humano, primeiramente no desenvolvimento infantil com reflexos por toda vida. Há de se observar os múltiplos fatores que influenciam o desenvolvimento, com olhos atentos na importância da prática de observação dos ambientes. Sendo ímpar, a internalização de regras, valores, modos de pensar e de agir diante das interações sociais do cotidiano, onde a linguagem tem posição privilegiada. De acordo com a realidade da região do Jardim Piranhas – Natal, onde a pesquisa foi feita, e em razão de grande período ininterruptos de forte seca, mesmo sob justificativas baseadas na pobreza generalizada, a exploração do trabalho infantil no interior das tecelagens e posteriormente em suas próprias casas para enganar o Ministério Público, reflete o alto nível de desorganização dos trabalhadores e o aproveitamento dos empresários lucrando com o trabalho mal remunerado de crianças e adolescentes. A inserção do trabalho produtivo realizado pelos filhos dos trabalhadores ocorre de forma informal, camuflada em suas casa, em condições insalubres, comprometendo o desenvolvimento físico, cognitivo e sociais. Essas famílias veem o trabalho infantil por um prisma totalmente invertido, naturalizando o discurso no meio familiar. Oferecendo pobres refeições, posturas incômodas por longos períodos que trazem