Aluna
Didier Lahon**
Resumo:
O artigo examina o movimento de escravos e libertos negros entre Portugal e o Grão-Pará e Maranhão, mais especialmente depois da promulgação da Lei de 19 de Setembro de 1761 que proibiu a entrada de novos escravos na Metrópole. Coloca a questão das influencias recíprocas das populações negras entre a capital do Império e a região Norte e, de modo mais amplo, a importância desse movimento entre o Brasil e Portugal.
Palavras chaves: Escravos; Portugal; Grão-Pará-Maranhão. Abstract: The article examines the movement of slaves and free blacks between Portugal and the Grão-Pará-Maranhão, more especially after the promulgation of the Law of September 19, 1761 which prohibited introduction of new slaves in the Metropolis. It discusses the reciprocal influences of the black populations between the capital of the Portuguese Empire and Northern Brazil and, more broadly, the importance of this movement between Brazil and Portugal.
Keywords: Slaves; Portugal; Grão-Pará-Maranhão.
Revista Estudos Amazônicos • vol. VI, nº 1 (2011), pp. 70-99
Até as primeiras décadas do século XIX numerosos senhores de escravos brasileiros, ignorando de propósito ou não a Lei de 19 de Setembro 1761,1 tentaram entrar em Portugal e, sobretudo, em Lisboa com os seus escravos. Estes, no momento do desembarque em Lisboa, recebiam de imediato uma carta de alforria por parte da Alfândega e, depois da Lei do ventre livre e da libertação dos escravos de quarta geração de 1773,2 aumentaram a população liberta da capital portuguesa. No entanto, por descuido ou corrupção dos funcionários da Alfândega alguns cativos não se beneficiaram da medida legal e escaparam igualmente da vigilância das Irmandades negras que mandavam os seus membros assistirem as chegadas dos navios oriundos das províncias ultramarinas. Por outro lado, revelando com freqüência situações