Alterações hematologicas na gravidez
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Introdução
A gestação normal está associada a ajustes fisiológicos e anatômicos que acarretam acentuadas mudanças no organismo materno, incluindo a composição dos elementos figurados e humorais do sangue circulante. Provavelmente, em nenhuma outra fase do ciclo vital exista maior mudança no funcionamento e forma do corpo humano em tão curto espaço de tempo. Muitas dessas mudanças iniciam-se desde o momento da nidação e se estendem por todo período gestacional até o término da lactação. O conhecimento de tais mudanças é necessário para uma adequada avaliação do "processo-doença" induzido pela gestação (1, 2, 3).
O útero, por exemplo, sofre modificações de hipertrofia e dilatação, requerendo um aumento da vascularização pela necessidade de maior perfusão sangüínea, enquanto que na placenta, devido ao aumento progressivo, há um incremento correlato do fluxo sangüíneo útero-placentário com a evolução da gestação, o que demanda, também, um aumento do número de vasos sangüíneos (1).
Por outro lado, os problemas mais freqüentes do sistema hematológico no ciclo gestatório-puerperal são: anemia no pré-natal, hemorragia durante o parto e pós-parto imediato e troboembolismo no puerpério, sendo a anemia o problema hegemônico nesse período (1, 2, 4).
Neste artigo, são revisados e discutidos os critérios diagnósticos e conduta diante de um quadro de "anemia" em gestação não-patológica e ressaltadas as alterações que podem ser relevantes na homeostasia e nas situações de "deficit" de hemoglobina.
Volume sangüíneo
Na gestação, há uma elevação do volume sangüíneo total em cerca de 40 a 50%, como decorrência do aumento tanto do volume plasmático quanto da massa total de eritrócitos e leucócitos na circulação. No entanto, a elevação do volume plasmático e da massa eritrocitária não é proporcional e é controlada por diferentes mecanismos (1,4,5,6). Desse modo, indicadores hematológicos, tais como