Alinguagemdosperiodicos
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A linguagem dos periódicos de época, em torno à escravidãoRESUMO: Com a presença dos cativos africanos em terras brasileiras ocupadas por portugueses, formaram esses maneiras de falar a respeito daqueles, visando a mantê-los em submissão e a regularizar a nova situação. Esses usos lingüísticos foram registrados em documentos autênticos, no município de Vassouras, importante centro escravagista, no século XIX, fase áurea da economia cafeeira no Vale do Paraíba. O aprendizado da língua do Senhor é invólucro para o aprendizado de uma série de rituais, regulamentos, fórmulas, assenhoreando-se, também, do modo de pensar de pretos e brancos.
1. Introdução: O presente trabalho é parte de tese de Doutoramento em Filologia Românica, apresentada em 1994, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pretende registrar a existência de um discurso específico, que visava a legitimar a escravidão negra no Brasil.
Para tal, praticamos quatro abordagens distintas, a saber:
- o vocabulário mais especificamente ligado ao tema em questão;
- as formações discursivas, num âmbito superior ao vocabulário, que descrevem e manipulam a situação abordada;
- a importância do nome próprio do escravo: a necessidade de se atribuir um nome distinto do que já possuía; as frases feitas com as quais a comunidade se apodera da situação e se esforça para que ela se mantenha tal qual.
Neste artigo, trataremos dos textos jornalísticos, sobretudo os que se referem a transações comerciais, praticadas ao redor dos escravos. Para tanto, procedeu-se ao levantamento de textos autênticos da época em periódicos, como:
Jornal do Comércio RJ, 1847, 1849 e 1851;
O Município (local), 1877 e 1879;
O Vassourense (local), 1885 a 1887.
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Os documentos escritos foram recolhidos no município de Vassouras, centro de lavoura cafeeira, nos anos de 1838 cinco anos após a fundação da vila (período áureo), até 1887, quando a economia local já mostra sinais de esgotamento.
Escolheu-se o município de Vassouras por ter sido