Alienação
A antropóloga francesa Françoise Héritier trilhou uma brilhante carreira acadêmica, a ponto de ter sido escolhida pelo renomado colega Claude Lévi-Strauss (1908-2009) para sucedê-lo no Collège de France. Lá, ocupou por muitos anos a cadeira de estudos comparados de sociedades africanas e tornou-se referência na área de estudos de gênero. Atualmente professora honorária, Françoise resolveu lançar-se em outra seara após receber um cartão-postal de um amigo em férias com a seguinte mensagem: “Uma semana roubada de férias na Escócia.” A frase não saía da cabeça da antropóloga. Quem estava roubando o quê? O amigo, médico e professor, entendia que estava furtando um pouco de descanso de um mundo que o devorava com tarefas e compromissos?
As reflexões acabaram virando um livro ao estilo autoajuda: “O Sal da Vida” (Valentina) – best-seller na França em 2012 que chega agora ao Brasil. A obra de 100 páginas se despe de sofisticação para falar, da maneira mais trivial possível, sobre o que é o ‘sal da vida’: não sentir culpa por se dar o direito ao descanso e de perceber os raros encantos simples da vida. Para a antropóloga, a ansiedade e o uso excessivo da tecnologia são os males do nosso tempo. Portadora de uma doença autoimune rara há 32 anos, a policondrite recidivante, que ataca todas as cartilagens do corpo e a deixou diabética, com insuficiências cardíaca e renal, e com problemas ósseos, Françoise garante que é possível ver beleza no mundo mesmo nos momentos de depressão.
"O símbolo mais forte da sociedade moderna é o uso do Facebook e sua rede de falsos amigos.
Esse sentimento falso de pertencimento cria um mundo desmaterializado”
http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe/342666_A+TECNOLOGIA+GERA+ALIENACAO
Vivemos em uma sociedade real sustentada em alicerces virtuais. Crianças, jovens, adultos e idosos compartilham a inércia