Cinema: uma história de programação mental
Índice
1. Introdução 3
1.1. A força eminentemente moral da propaganda fascista 3
1.2. “É lamentável que a verdade precise de tanto barulho para se impor” 3
1.3. O poder da transformação 5
2. A humanidade na sessão da meia-noite 7
2.1. “Cantando e rindo, levados, levados sim...” 7
2.1.1. Um pai tirano 9
2.1.2. O poder da comédia? 12
2.2. O cinema da virtude em Camões 12
2.3. “Filmei a verdade como ela era, nada mais” 14
2.4. Olympia ou o homem-animal 16
3. Propaganda ou “programação mental”? 17
4. O fim da sessão 21
5. Bibliografia 22
1. Introdução
1.1. A força eminentemente moral da propaganda fascista
A ideia gregária, a grande massa confunde-se com o próprio fascismo. A legitimidade das ditaduras reside na legitimidade conferida pelas grandes massas, pela mobilização popular. O que gera esta mobilização, este fervor explícito é algo que passará por múltiplas visões: da psique individual à ideia da grande comunidade até à simples arregimentação militar.
A propaganda substitui a política em regimes que vivem da composição cénica e das marcações cerradas. A ditadura é um palco e a propaganda é o foco que nos desperta. Se a publicidade, no dizer do intelectual brasileiro Ciro Marcondes Filho, é “a vanguarda do capitalismo”, a propaganda foi e continua a ser a vanguarda do totalitarismo.
A ideia de palco reduz os regimes de Salazar e Hitler a um cariz essencialmente ficcional, quase irreal, fruto de circunstâncias históricas e sociológicas que reflectem estranhas simbioses entre um saudosismo passadista, um modernismo que apregoava a omnipotência da máquina, uma exaltação nacionalista num quadro de insatisfação com regimes parlamentares e republicanos ou até um sentimento generalizado de humilhação nacional.
É no relativo clima de imobilismo que caracterizava os dois países à altura que a propaganda surge para erguer a