Alienação e lazer
Dando continuidade ao tema desta série de pequenos artigos, repetimos o conceito para “alienação” aqui adotado, ou seja, aquela condição onde a pessoa não se sente a si mesma como portadora ativa de seus poderes e riquezas, dependendo de algo externo no qual projetou sua existência.
A mídia, ou seja, os meios de comunicação social de massa que abrangem o rádio, cinema, a televisão, publicações (livros, revistas, boletins, jornais), a internet, os satélites de comunicações e redes de telefonia, tem sido um fator determinante a separar o homem do contato com a coisa real.
Neste aspecto, a televisão é o meio de comunicação que mais desrespeita a inteligência de seus clientes. Incêndios e desastres atraem a atenção de milhares. Os Reality Show exploram a violência, a intimidade familiar, o próprio relacionamento entre pessoas, e, ao invés de chocar, o sensacionalismo fascina e explora, de modo ilimitado, a miséria humana. Toda a fascinação das competições desportivas, do crime e da paixão, revela a necessidade de atravessar a superfície da rotina, porém, o modo de satisfazê-la revela a extrema pobreza de nossas soluções.
O emprego do tempo livre também tem a sua importância dentro da alienação a que o homem se submete. Se compra e consome mercadorias de um modo abstrato e alienado, há grande probabilidade de que no seu lazer também seja passivo.
À força da mídia, assiste a partidas de futebol, filmes, lê jornais, revistas e livros, assim como adquire os produtos oferecidos nos horários nobres. Na realidade, não é livre para gozar o seu tempo disponível. Seu consumo das horas de lazer está determinado pela indústria. Seu gosto é manipulado, e termina por querer ver e ouvir o que se oferece via cabo ou frequências moduladas.
O objetivo da propaganda, sob o signo capitalista, é satisfazer fantasias artificialmente compostas, alheias ao quotidiano real e concreto de cada um. Não temos mais telefones. Estamos rodeados de iPod, iPad