Algumas árvores só florescem no inverno
Auxiliando a passagem de um familiar - Relato de experiência
Teresa Cristina Soares
Este trabalho é um relato de experiência de uma enfermeira, psicóloga e professora universitária, cujo objetivo é descrever o acompanhamento de um familiar (irmão) desde o seu diagnóstico até o óbito. A literatura afirma que familiares vivenciam os mesmos estágios psicológicos pelos quais passa a pessoa adoecida e que, para ambos os segmentos, esta experiência pode ser plena de significados, quando bem sucedida. No caso presente, compreendemos desde muito cedo que a família é peça fundamental do cuidado. Dentre as muitas lições aprendidas, verificamos que o maior medo do doente é morrer sozinho e sofrendo. Quando lhe é assegurado que isto não vai acontecer, a fase de aceitação chega mais rápida. Para a família não é diferente. O desejo é acompanhar seu familiar durante todo o processo e que ele não sofra. Então, como algumas árvores que só florescem no inverno, depois de perder todas as folhas, há tempo para apaziguar mágoas, distribuir bens, relembrar histórias partilhadas, rir das coisas engraçadas e chorar a separação. A ansiedade, a agitação, o medo de adoecer, que às vezes duraram uma vida inteira, dão lugar à serenidade. Práticas espirituais substituem compromissos. Viver é a oportunidade mais rica do momento – é tudo que se tem a fazer quando não há mais nada a fazer. Como resultado desta experiência, a autora criou um grupo de pesquisa sobre “Morte, Terminalidade e Desenvolvimento Humano”, cadastrado no CNPq, do qual participam enfermeiros, docentes e discentes de enfermagem, com a finalidade de preparar profissionais da área de saúde para lidar de maneira fecunda com pessoas fora de possibilidades terapêuticas e seus