Algumas questões sobre o caso andré
* A recusa da castração soma-se, por afinidade, a recusa da morte e da falência corporal.
R= No caso André, o mesmo em nenhum momento se mostrava preocupado com suas atitudes relacionadas a saúde, como seu ritual se consistia em atos de risco podendo contrair algum tipo de DST ou até mesmo AIDS. Ele se colocava superior a todos, onipotência incapaz de poder lhe fazer algum mal. André também tem traços de funcionamento maníaco, se relaciona como uma forma de recusa há castração, dormindo apenas poucas horas por dia.
* A onipotência do perverso se expressa em sua crença de deter o segredo do desejo sexual, muitas vezes demonstrando desdém e desprezo pela sexualidade mais “simples” ou convencional, atribuída ao pai denegrido.
R= Para André ele detém o prazer sexual, sendo superior a todos e apenas ele sabe como chegar ao gozo como ninguém. Seu ritual consistia em encontrar qualquer sujeito disposto a ser submetido a falação por André. Quando ele abria o zíper do parceiro e o pênis era colocado para fora seria uma forma simbólica de demonstrar que a castração não existia. E ao final André engolia todo o esperma do parceiro, ele diz “... néctar nutritivo e revitalizante”. Podemos analisar esse trecho como se o esperma fosse simbolicamente leite materno para André, pois o prazer era maior quando o parceiro que aceitasse participar do ato não fosse homossexual, assim faria o outro transgredir a castração, ou seja, o perverso transgride a lei do pai e faz com que o outro também o faça.
STOLLER
* A perversão é a revivescência de um trauma sexual ocorrido quer sobre a área sexual (anatômica), quer sobre a identidade de gênero (a criança tratada como se pertencesse a outro sexo biológico). No ato perverso o passado é invocado inconscientemente: neste momento, o trauma é transformado em prazer, vitória e orgasmo. É como se a história fosse relembrada em ato, mas contada com um desfecho oposto ao que teve na cena traumática real, agora de