Algumas características do "moderno" em Machado de Assis
1. Introdução
Machado de Assis é, sem dúvida, um dos maiores expoentes do realismo brasileiro e mundial. Na literatura brasileira, certamente figura no rol dos melhores, mais famosos e mais importantes escritores. Mas o que a obra de Machado tem de tão especial para que seja tão valorizada? Enumerar a lista de traços peculiares e inovadores que Machado implementou na literatura brasileira é uma tarefa que certamente levaria a muitas páginas, missão a que este ensaio não se propõe. O que queremos aqui é discutir apenas um dos traços marcantes que podem ser observados na obra machadiana: como a leitura do moderno pode ser capturada nos romances desse autor. Desde já, deixamos claro que a noção para o termo “moderno” aqui tomada não é outra senão aquela que se refere ao processo histórico das mudanças que ocorreram globalmente desde a revolução industrial. Estão descartadas leituras do termo “moderno” como “modernismo literário” e “a atualidade”.
Dois dos maiores leitores de Machado na crítica brasileira, Alfredo Bosi e Roberto Schwarz atestam que há manifestações do moderno em Machado. Bosi, em entrevista à Carta Capital, em 2010, quando lhe perguntado se Machado era contra ideológico às ideias modernas, responde da seguinte maneira: “O moderno em Machado pode ser observado em ambos os fios. Ele é moderno ao exercer o liberalismo democrático. E é moderno também em verificar os limites da ciência, das filosofias progressistas”. Roberto Schwarz, em Um mestre na periferia do capitalismo, discute como Machado implementou um princípio formal totalmente diferente de tudo que já houvera sido feito na literatura brasileira. Esse fato converge com nossa ideia de moderno como implementação de mudanças, do novo. O mesmo autor também discute, em As idéias fora do lugar, como Machado adotava uma postura cética em relação às ideologias burguesas.
Este trabalho tem como objetivo central mapear alguns traços do moderno