Alfanuméricos
ENSINO SUPERIOR E NEOLIBERALISMO NO BRASIL:
UM DIFÍCIL COMBATE*
VALDEMIR PIRES**
a última década, a educação superior no Brasil passou por profundas mudanças ainda não totalmente compreendidas.
O extraordinário aumento da demanda por vagas e seu atendimento por um crescente e pouco controlado número de instituições particulares têm sido marcas muita claras dos últimos tempos, juntamente com o declínio relativo da participação das universidades públicas na formação de pessoal de nível superior.
O redesenho institucional do sistema de ensino superior (assim entendido o conjunto de unidades ofertantes – públicas e privadas –, a legislação e os órgãos planejadores e gestores) ocorreu num contexto que combinou a crise fiscal do Estado brasileiro do final do século XX com a avidez por retornos rápidos e fáceis de empresários/ entidades sagazes, sob a persistência de um discurso liberalizante que toma a educação como simples prestação de serviços, oferecida num quase-mercado (mercado controlado por agências públicas criadas para assegurar certas características ao “produto”, que seriam ameaçadas pela lógica estritamente mercantil de maximização de resultados por parte dos produtores/fornecedores).
Quais os custos e as conseqüências positivas e negativas dessas mudanças rápidas – e talvez insuficientemente pensadas – sobre a formação de pessoal, as condições de acesso à universidade, a qualidade do ensino, as possibilidades científicas e tecnológicas do país? Esta é uma pergunta para a qual os estudiosos da educação brasileira estão procurando respostas.
*
Resenha do livro de Nelson Cardoso do Amaral, Financiamento da educação superior: Estado X mercado (São Paulo; Piracicaba: Cortez/Editora da UNIMEP, 2003. 214p. Acompanha CD-ROM).
**
Economista, doutor em Educação e professor da
UNIMEP .
E-mail: vapires@terra.com.br
Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 86, p. 263-268, abril 2004
Disponível em
263
Ensino