Alfabetização ou letramento?
Você se lembra como aprendeu a ler e a escrever?
Provavelmente suas lembranças vão levá-lo a uma sala de aula, com carteiras enfileiradas voltadas para um quadro negro e uma mesa de professor. As lições eram dadas a partir de cartilhas onde frases como “Ivo viu a uva” e “O jacaré toma cajuada no jardim da jararaca” eram comuns. O percurso pedagógico, naquela época, partia do princípio de que o conhecimento era adquirido do simples para o complexo, e que aprender era avançar em frente, passo a passo. Na verdade, esse processo não foi privilégio seu ou meu.
Durante muitos séculos alfabetizar significou juntar sílabas e formar palavras, aplicar cartilhas que utilizavam linguagem irreal e repertório controlado; não importava entender o que era escrito e o que era lido porque o importante era dominar o código. Assim, durante muito tempo, o processo ensino/ aprendizagem de leitura e escrita concentrou-se em como ensinar e deixou em segundo plano o “aprender”.
Nas últimas décadas, educadores, psicólogos e estudiosos de várias áreas das ciências humanas se preocuparam em desvelar e entender como os aprendizes desenvolvem seu raciocínio e as pesquisas desses estudiosos revelaram que o ser humano aprende assuntos novos mobilizando conhecimentos já adquiridos: há um ponto de referência, um enquadramento, um vai e vem de conexões que se estabelecem. A aprendizagem não funciona em linha reta, mas sim como uma enorme espiral. O conhecimento não é construído por acúmulo de informações e justaposições; a construção de conhecimentos pressupõe atividades que ocorrem à medida que o indivíduo entra em contato com novos conhecimentos, organiza-os e integra-os aos que já possui. Imagine como esses estudos e reflexões alteraram ao processo de aprender e ensinar a ler e escrever...
Parta, então, da percepção de que no tempo em que aprendemos a ler e escrever a instituição escolar trabalhava para nossa alfabetização, que era basicamente uma ação