Alexitimia
QUE PROCESSOS EMOCIONAIS?
QUE INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA?
São conhecidas as dificuldades inerentes ao processo terapêutico com pacientes classificados como alexitímicos. Neste trabalho propõe-se que as características associadas ao conceito de alexitimia reflectem défices ao nível dos processos de consciência, experienciação, expressão, diferenciação e regulação emocional.
Adicionalmente, sugere-se que com pacientes com funcionamento alexitímico seja necessário um maior enfoque terapêutico ao nível de tarefas emocionais, nomeadamente, de experienciação e diferenciação emocionais. Salientam-se ainda as dificuldades que podem ocorrer ao nível da aliança terapêutica. Discutem-se as implicações para o constructo de alexitimia e para as tomadas de decisão clínica.
Sugere-se a importância de ter em conta esta dimensão na conceptualização de caso, no sentido de antecipar dificuldades ao nível da relação e de se optar por objectivos mais focados nos processos subjacentes à alexitimia do que nas suas consequências. Palavras-chave: Alexitimia, Diferenciação Emocional; Relação Terapêutica;
Psicoterapia
1. OBJECTIVOS
As características que compõem a alexitimia parecem ser de extrema relevância no processo terapêutico. Assim, pretende-se reflectir acerca das vivências emocionais de pacientes com características alexitímicas e quais as suas implicações para o processo terapêutico. Pretende-se ainda repensar a alexitimia em termos de processos psicológicos específicos de forma a melhorar a intervenção junto de pacientes com este tipo de funcionamento.
2. ALEXITIMIA, PROCESSOS EMOCIONAIS E PSICOTERAPIA
2.1. Alexitimia
Alexitimia etimologicamente significa “sem palavras para os sentimentos”
(Larousse, 1997, p.262). Deriva do Grego e do Latim – Sem (“a”) palavras (“lexus”) para emoções (“thymus”). Este termo foi inicialmente usado por Sifneos (1973) para designar um grupo de características cognitivas e afectivas típicas de vários pacientes