alemanha
A prevenção mais eloqüente acerca dessa confusão conceitual provém, contudo, de um fragmento de 1873 onde Nietzsche demarca, pela primeira vez, a diferença entre cultura e civilização: “não temos cultura (Kultur), mas somente uma civilização (Civilization) com algumas modas culturais; estamos, ainda mais, mergulhados na barbárie” (Nachlass/FP 27 [66], KSA 7.606)
Será por meio de uma metáfora militar que Nietzsche procurará exprimir essa reviravolta que toma conta dos alemães: “jamais faltaram aos alemães chefes e capitães perspicazes e audazes – são somente os alemães que faltaram aos seus chefes” (DS/Co. Ext. I, 1, KSA 1.161)
uas críticas já não se revestem do tom idealista inicial, pois não se trata mais de apontar o que de acidental se produziu na cultura alemã, mas no que de essencialmente doentio ela se transformou
Quem aspira e quer promover a cultura (Kultur) de um povo deve aspirar a promover esta unidade suprema e trabalhar conjuntamente na aniquilação deste modelo moderno de formação, atrevendo-se a refletir sobre o modo como a saúde de um povo, perturbada pela história, pode ser restabelecida, como ele poderia reencontrar seus instintos, e com isso, sua honestidade (HL/Co. Ext. II, 4, KSA 1.275).
O emprego da palavra “honestidade” (Ehrlichkeit), citada ao fim da frase, é significativo – não será ao acaso que alguns anos mais tarde Nietzsche insistirá na ideia de confiabilidade como um atributo do homem nobre[6]. Honestidade significa integridade, probidade, firmeza; a unidade de estilo alcançada por uma cultura deve ser o resultado de uma determinação firme que impede