Alcool
– Que aconteceu?
– Ao ouvi-la, o pequeno levantou o rosto assustado. Era seu pai.
– Quem quebrou a garrafa? – perguntou o homem de mau humor.
– Fui eu! – exclamou o menino quase afogado pelas lágrimas.
– E por que você a quebrou?
O menino fitou com surpresa seu pai. É que na voz do menino havia algo a que o pai não estava acostumado; algo de compaixão que havia sentido, quiçá pela primeira vez, ao ver aquele pobre ser inocente e débil, dobrado quase pela desolação sobre os restos da garrafa.
– Eu queria – murmurou o menino – ver se havia dentro um par de sapatos novos... porque os meus estão velhos e mamãe não pode comprar...
– Quem disse a você que havia sapatos nessa garrafa?
– A mamãe!... Sempre que lhe peço que me compre sapatos, ela diz que meus sapatos, minha roupa, e muitas outras coisas estão no fundo de uma garrafa... e eu queria ver se era certo... Mas não farei mais.
– Está bem, filhinho – disse o pai, pondo a mão sobre os cabelos encaracolados do menino.
Alguns dias mais tarde, o pai entregou ao menino um pacotinho dizendo-lhe que o abrisse. Ao abri-lo o menino lançou um grito de alegria.
– Sapatos novos! – exclamou: – Estavam dentro da garrafa?
– Não, meu filho – respondeu o pai com doçura. Antes todas as coisas iam perder-se no fundo da garrafa. As que deixei nelas será difícil tirá-las, porém, com a ajuda de