Alberto caeiro
Para Caeiro, “pensar” é estar doente dos olhos. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso, pensa vendo, ouvindo e com o tacto. Recusa o pensamento metafísico, e ao voltar-se apenas para a visão total perante o mundo, elimina a dor de pensar que afecta Pessoa.
Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos, Caeiro dá especial importância ao acto de ver, mas é sobretudo inteligência que discorre sobre as sensações, num discurso em verso livre. Passeando a observar o mundo, personifica o sonho da reconciliação com o universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza.
É um sensacionista a quem só interessa o que capta pelas sensações e a quem o sentido das coisas é reduzido à percepção da cor, da forma e da existência: a intelectualidade do seu olhar volta-se para a contemplação dos objectos originais. Constrói os seus poemas a partir de matéria não-poética, mas é o poeta da Natureza e do olhar, o poeta da simplicidade completa, da objectividade das sensações e da realidade imediata negando mesmo a utilidade do pensamento.
Para Caeiro fazer poesia é uma atitude involuntária, espontânea, pois vive de impressões, sobretudo visuais, e porque recusa a introspecção, a subjectividade, sendo o poeta do real objectivo.
Caeiro conta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero, o fazer coincidir o ser com o estar, o combate ao vício de pensar, o ser um ser único, e não fragmentado.
Algumas das expressões do texto que demonstram a utilização dos sentidos:
-"A seguir e a olhar." verso nº6
-"E as mãos colhem flores sem ela dar por isso" verso nº18
-"Como um ruído de chocalhos" verso nº19
-"Sinto um cajado nas mãos" verso nº42
-"Olhando para o meu rebanho rebanho e vendo o meu rebanho" verso nº45
-"Quando me