Alberto caeiro
Viver sem dor;
Envelhecer sem angústia e morrer sem desespero;
Não procurar encontrar sentido para a vida e para as coisas que o rodeiam;
Sentir sem pensar;
Passando agora para o poema, logo no primeiro verso o sujeito poético apresenta uma comparação com um girassol. Esta comparação é feita para mostrar a nitidez do seu olhar, pois esta planta tem a particularidade de seguir continuamente a luz do sol. O eu lírico fala-nos da sua postura típica: "andar pelas estradas, / Olhando para a direita e para a esquerda", observando tudo com muito rigor, reparando que as coisas que vê são sempre diferentes. Visto que o poeta se encontra nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo, a isto adequa se uma postura juvenil porque só a uma criança na sua relação com o mundo sabe ter o pasmo essencial do primeiro olhar, um olhar virgem, ausente de qualquer relação com olhares anteriores. Então, o olhar do poeta deve ser um olhar sem julgamentos prévios, pois a realidade muda a cada instante, a cada novo olhar : “o que vejo a cada momento/É aquilo que nunca antes eu tinha visto”.
Em outra parte do poema Caeiro, revela que vive em plena comunhão com a natureza, negando que esta tenha significados ocultos, ou seja, as coisas são o que são e nada mais tal como ele diz “Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso “). Podemos assim afirmar que o único dever do eu lírico é sentir de forma simples toda a natureza que o rodeia, não interrogando a sua existência.