Agricultura

CAPITULO VIII - AGRICULTURA BRASILEIRA: TRANSFORMAÇÕES RECENTES
Ariovaldo Umbelino de Oliveira

O autor analisa as transformações recentes da agricultura brasileira, partindo do pressuposto de que seu estudo requer a compreensão dos processos de desenvolvimento do modo capitalista de produção no território brasileiro. Assume então, que é necessário conceber esse desenvolvimento como contraditório e combinado, ou seja, que enquanto avança, reproduzindo relações especiflcamente capitalistas (implantando o trabalho assalariado através da figura do bóia-fria), produz também, contraditoriamente, relações camponesas de produção (através do trabalho familiar).
Nas últimas décadas, tem ocorrido, no Brasil, uma rápida expansão das culturas de produtos agricolas de exportação, quase sempre em detrimento das culturas de produtos alimentícios destinados ao mercado interno, isto é, ao consumo da população brasileira. Também ocorre a alteração dos hábitos alimentares da população, em decorrência da expansão desses produtos.
No atual estágio de desenvolvimento capitalista do Brasil, assiste-se ao predomínio do capital industrial ou comercial, atuando na circulação e sujeitando a renda produzida pela agricultura.
O processo de industrialização da agricultura tem eliminado gradativamente a separação entre cidade e campo, entre o rural e o urbano. Isto quer dizer que campo e cidade formam uma unidade contraditôria, na qual a diferença entre os setores da atividade econômica (agricultura, pecuária, indústria e comércio etc.) vai sendo isolada, de um lado pela presença, na cidade, do trabalhador assalariado, e, no campo, do bóia-fria. De outro lado, pode-se constatar que a industrialização dos produtos agrícolas pode ser feita no campo, com os trabalhadores das cidades. Tudo indica que o desenvolvimento do capitalismo está soldando esta unidade contraditória, que ele mesmo separou no inicio de sua expansão. Entretanto, essa soldagem está sendo feita num patamar social muito mais