AGRICULTURA E DES. SUSTENTÁVEL
Marc Dufumier2
Introdução
Entre todos os setores de atividades econômicas, a agricultura é aquele dos mais frequentemente questionado a propósito das preocupações em promover um “desenvolvimento sustentável” no seio de nossas sociedades. Dados recentes revelam que, na França, ela contribui com cerca de 18% das emissões de gás com efeito estufa (CITEPA, 2008) e consome cerca de 70% da água no planeta (CNRS, 2002). É também muitas vezes denunciada por efeitos danosos em termos de poluição da água, do ar e dos solos. Ademais, a agricultura é cada vez mais questionada em razão, entre outros problemas, da erosão dos solos, desertificação, perda da biodiversidade, menor qualidade sanitária dos alimentos, destruição dos empregos e êxodo rural (em aceleração nos países do hemisfério “Sul”). No entanto, é necessário que a agricultura alimente melhor a população mundial, que não cessa de aumentar3, como também satisfazer uma demanda crescente de produtos cada vez mais diversificados: fibras têxteis, materiais de construção, agrocombustíveis, moléculas medicinais, essências para perfumes. Neste âmbito, convém então saber quais são as razões que originam tantos receios e preocupações em torno da agricultura e de que maneira conciliar seu desenvolvimento futuro com o imperativo de garantir “um desenvolvimento sustentável” para nossas sociedades: produção do bem-estar, equilíbrio social, qualidade do meio ambiente, preservação das potencialidades produtivas dos agroecossistemas para as futuras gerações etc.
I - Uma agricultura cada vez menos diversificada
A agricultura é a atividade na qual os produtores lidam com a diversidade de seus ecossistemas a fim de submeter ao seu próprio benefício os ciclos bioquímicos da água, do carbono, do nitrogênio, do fósforo e de vários outros elementos minerais. De maneira a privilegiar o crescimento e o desenvolvimento de um número relativamente limitado de espécies domesticadas e