Agricultura brasileira: as transformações no final do séc. xx
São várias as correntes de pensamento para o estudo da agricultura brasileira. Enquanto alguns autores crêem na existência das relações feudais ou semi-feudais no Brasil e no desenvolvimento do campo a partir da eliminação dessas e o aumento do trabalho assalariado no campo, outros crêem em um desaparecimento dos camponeses, visto que o campo já está se desenvolvendo do ponto de vista capitalista. Em ambas as vertentes, há uma crença de que na sociedade capitalista não há lugar para os camponeses. Só existindo, portanto, o proletariado e a burguesia. Com base no exposto, é fundamental entender qual o papel e o lugar dos camponeses na sociedade capitalista no Brasil, bem como compreender que há uma distância entre visão teórica e o que, de fato, ocorre no campo. Ainda que a teoria se faça necessária, é preciso necessário entender o processo de desenvolvimento do modo capitalista de produção no território brasileiro, é contraditório e combinado, ou seja, ao mesmo tempo em que ocorrem relações tipicamente capitalistas, há também a relação de relações camponesas de produção.
A alta dívida externa derivada de empréstimos para aumento da produção industrial conduz à venda de produtos agrícolas a preços internacionais – cada vez mais baixos – visando à quitação de tal dívida. Contudo, como os preços são baixos, há necessidade de novos empréstimos, visando, dessa vez, o aumento da produção agrícola. Gerando, portanto, uma espécie de ciclo vicioso, visto que quanto mais empréstimos são feitos, mais os preços caem. É por isso que nas últimas décadas houve um crescimento de produtos de exportação internacional em detrimento dos gêneros alimentícios. Atrelado a isso, há uma mudança rápida dos hábitos alimentícios brasileiros em decorrência da expansão desses produtos. Como exemplo, cita-se a incorporação do óleo de soja na preparação de alimentos.
O processo de internacionalização da economia brasileira revela