Agostinho
Por isso, este artigo se limitará a alguns aspectos do filósofo e teólogo, a começar pelos biográficos, já que as Confissões são, em sua maior parte, uma autobiografia - a primeira escrita na história da humanidade.
Agostinho ou Aurelius Augustinus (354-430) foi um homem que viveu num momento limite: o Império romano se esfacelava: com a queda de Roma terminava o mundo antigo e tinha início a Idade Média, por isso, talvez, o filósofo tenha produzido uma obra que é essencialmente a síntese do pensamento de Platão com o cristianismo.
Seus pais se esforçaram para mandá-lo estudar na Universidade de Cartago, a grande metrópole da África romana. Em vez de dedicar-se aos estudos, Agostinho preferiu dedicar-se a uma vida de prazeres, preferencialmente os sexuais, tanto que se celebrizou sua seguinte frase: "Senhor, torna-me casto, mas não ainda".
Independentemente disso, Agostinho leu o filósofo e orador romano Cícero (106-43a.C.) e, influenciado por ele, deu início a uma busca filosófica pela verdade, que o levou a adotar as mais diversas posições filosóficas e religiosas (maniqueísmo, ceticismo) até abraçar o cristianismo aos 32 anos. Mais tarde se tornaria bispo da cidade de Hipona (atual Annaba, na Argélia).
O tempo
Segundo ele mesmo relata, obteve nesse momento uma revelação divina, juntamente com sua mãe (Santa Mônica), e mudou de vida, embora seu pensamento, desde então, evoluísse gradativamente, com as ideias amadurecendo ao longo do tempo. O tempo, aliás, foi objeto de suas reflexões, que, sobre esse tema, anteciparam o pensamento de Descartes (1596-1650), Kant (1724-1784), e Schopenhauer (1788-1860).
Para Agostinho, o tempo não tem realidade em si, é uma invenção do homem, constituído por três nadas: o passado, que não existe mais; o futuro, que ainda não existe; e o presente, tão fugaz que é uma mistura de passado e futuro. É a partir daí que se compreende com certa facilidade a concepção agostiniana de Deus.