Afogamento
DE REVISÃO
Afogamento
David Szpilman1
A revisão sobre o tema “afogamento” é para o autor um assunto de extrema importância e familiaridade. Em 32 anos de funcionamento do Centro de Recuperação de Afogados
(CRA) – serviço único no gênero em todo o mundo – foram atendidos aproximadamente 8.800 casos de afogamento.
Este número de atendimentos justifica-se pela grande procura de nossas praias e sua grande extensão. Nos últimos
31 anos os guarda-vidas do Grupamento Marítimo realizaram mais de 171.000 salvamentos nas praias da cidade do
Rio de Janeiro, tornando-as uma das mais seguras em todo mundo, com uma mortalidade de apenas 0,3%. Esta demanda de atendimento a este tipo de acidente nos motiva constantemente à atualização e ao desenvolvimento científico de novas formas de abordagem e tratamento aos afogados.
“Deus criou o mundo, a VIDA, e dela surgiu o ser humano,
Os anjos foram enviados por Deus para nos GUARDAR,
O primeiro anjo a entrar no mar chamou-se GUARDA-VIDAS”.
Szpilman
INTRODUÇÃO
“É uma das grandes ironias da mãe natureza que o homem tenha passado os primeiros nove meses de sua existência envolto em água, e o resto de sua existência com medo inerente da submersão”1.
A cada ano 150.000 pessoas são vítimas fatais de afogamento; entretanto, seu número exato ainda é desconhecido, em razão de um grande número de casos não notificados por desaparecimento sem confirmação de óbito2,3. Este tipo de acidente é de grande importância desde o princípio
de nossa civilização, com inúmeras citações na bíblia, embora apenas nas últimas decadas tenha ganho a atenção científica e a preocupação que merece. Ironicamente, 90% de todos os casos de afogamento ocorrem a 10m de uma medida de segurança instalada3. Estimativas indicam que
40 a 45% ocorrem durante a natação e 12 a 29% estão associados com o uso de barcos4. Na prática de esportes náuticos, os afogamentos são responsáveis por 90% dos óbitos.
Em 1995 a população brasileira atingiu